O mercado britânico é, desde sempre, o principal fornecedor de turistas estrangeiros do Algarve, sendo por isso mesmo um mercado estratégico e prioritário do turismo da região.

O Reino Unido é responsável por cerca de 3,5 milhões de passageiros embarcados e desembarcados, anualmente, no aeroporto de Faro, mais de 54 por cento do total, dos quais um milhão fica hospedado nos meios classificados oficialmente e 750 mil em segundas residências, casas de amigos e alojamento não classificado, incluindo aqueles que, apesar de utilizarem a nossa infra-estrutura aeroportuária, têm o Sul de Espanha como destino.

Assim, o mercado britânico representa mais de 33 por cento das dormidas totais do Algarve (5,75 milhões), embora o nosso share não ultrapasse os 2,5 por cento neste mercado. Recorda-se que mais de 40 milhões de britânicos fazem férias no exterior por períodos superiores a quatro dias todos os anos.

Por outro lado, os turistas oriundos do Reino Unido permanecem, em média, 5,8 dias na região, enquanto a estadia média global não ultrapassa os 4,9 dias. Mais de 60 por cento dos jogadores de golfe são britânicos, ou seja, cerca de 155 mil, havendo ainda 50 mil residentes temporários no Algarve oriundos do Reino Unido, contribuindo em larga medida para o sucesso do turismo residencial do Algarve.

Este mercado apresenta este ano um crescimento acumulado verdadeiramente notável face ao mesmo período do ano anterior, traduzido em mais de 19 por cento, tornando-o ainda mais estratégico e prioritário do que nunca para o turismo do Algarve e, por essa via, para o turismo nacional.

A economia do turismo do Algarve é, pois, demasiado dependente do Reino Unido, com eventuais convulsões económicas e sociais naquele país a reflectirem-se negativamente e de forma muito profunda nos resultados turísticos e empresariais da região em particular e do nosso País em geral. Por tudo o que fica exposto, a AHETA, enquanto legítima representante dos empresários hoteleiros e turísticos do Algarve, não esconde a sua preocupação face à instabilidade financeira criada na sequência do BRexit e, sobretudo, das implicações que a mesma pode vir a ter nos resultados turísticos da região nos tempos mais próximos.