A TAP nunca teve, não tem e, segundo tudo indica, nunca irá ter uma estratégia direccionada para o turismo do Algarve.

Em boa verdade, a TAP representa pouco mais de 3 por cento do movimento anual de passageiros registados no aeroporto de Faro, sendo uma parte significativa de origem doméstica e, por conseguinte, não turístico.

Neste contexto, os enormes prejuízos acumulados pela transportadora aérea nacional, embora pagos por todos nós, não podem ser imputados nem à região nem ao seu turismo. Só em 2015, de acordo com os últimos dados conhecidos, a TAP registou o maior prejuízo de sempre, cerca de 150 milhões de euros.

O Algarve é a maior e mais importante região turística portuguesa. O aeroporto de Faro, cujo movimento anual ascende a quase 6,5 milhões de passageiros, é responsável por mais de 90 por cento dos turistas estrangeiros que visitam o Algarve ao longo do ano.

O transporte aéreo e a gestão aeroportuária são duas faces da mesma moeda, não tendo a companhia aérea de bandeira, em nome do interesse público, e no que ao Algarve diz respeito, cumprido o papel a que estava obrigada, tanto mais que o turismo é um sector estratégico e prioritário da economia portuguesa.

Por outro lado, as sucessivas alianças celebradas pela TAP ao longo das últimas décadas foram, claramente, lesivas dos interesses do turismo do Algarve, designadamente no que se refere ao abandono de “slots” em aeroportos considerados estratégicos para a actividade turística regional, como Heathrow, por exemplo.

Apesar da TAP nunca ter contado com o turismo do Algarve e o Algarve nunca ter contado com a TAP, os empresários hoteleiros e turísticos recusam alimentar uma guerra norte / sul nesta matéria e esperam, vivamente, que a transportadora aérea nacional consiga ultrapassar os graves problemas financeiros em que se encontra mergulhada, melhor forma de evitar que todos paguem os benefícios de alguns.